Em 2012, ano em que o Paraguai faz 201 anos de
independência, uma ferida sangra neste povo lutador que sempre mostrou
perseverança ao longo de sua história. Em maio a Nação guarani comemorou os 201
anos, com pouco mais da metade de sua população dentro do seu território para a
festa da pátria. O Paraguai, que saiu de grandes guerras e ditaduras
sangrentas, na atualidade se vê procurando retomar seu caminho. Mas, desta vez,
com mais de dois milhões da população total de sete milhões de paraguaios fora
do país. Destes, 65% são jovens entre 17 a 29 anos, que detêm a força
trabalhadora nacional.
Grande parte dessa juventude sai do país à procura de uma
oportunidade de emprego fora dele e é no Brasil que muitos nos aventuramos nos
últimos anos, fazendo com que esse ingresso tenha aumentado em 56% no período
que vai de 2008 a 2011. Na atualidade, a imprensa brasileira fala de migrante
no campo têxtil, remetendo-se quase sempre aos “bolivianos”, mas desconhece o
fato de que os paraguaios ocupam o segundo lugar no fluxo migratório desta
área.
Nós paraguaios viemos carregados de sonhos e esperança de
realizações, embarcando numa viagem de mais de 20h para chegar a São Paulo.
Mas, com o passar do tempo, nos deparamos com uma realidade outra, com extensas
horas de trabalho nas oficinas de costura nos bairros da capital paulista como
o Bom Retiro, o Brás, a Casa Verde e o Jardim Brasil, sem deixar de lado a Vila
Anny, de Guarulhos.
Estando aqui, temos um pensamento em particular: o de voltar
à nossa pátria, com garantia de emprego digno. Sendo assim temos trabalhado
através da Associação Japayke junto com o governo paraguaio vendo a
possibilidade de repatriação para todos de maneira organizada, para assim
voltar ao nosso país com a certeza de se ter a oportunidade de trabalhar por um
futuro melhor lá. Este é um processo que se estabelecerá em longo prazo, mas
que já começamos a traçar, com o objetivo de colhermos estas boas novas em um
Paraguai que está apostando no retorno de seus filhos do atual exílio
econômico.
*Léo Ramirez é paraguaio e vive em São Paulo há oito anos. É
membro da Associação Japayke e estuda Relações Internacionais.