quarta-feira, 22 de agosto de 2012

"Temos que nos preparar para a guerra, para viver em paz" diz Ministra de Defesa do Paraguay


A ministra de defesa do Paraguai, Maria Liz Garcia quem é a nomeada pelo país mais democrático do mundo (EUA), nomeada a defender os interesses geopolíticos na região Sul-Americana, especificamente no Paraguai.

Garcia usa o mesmo discurso que seu pais de origem, quando se refere a democracia, liberdade de imprensa, direitos humanos e autodeterminação dos povos, que são os pilares do direito internacional público. Fica mas que transparente a verdadeira e real intenção desta mulher posicionada numa chave dentro de um governo usurpador, não é o bem estar do povo guarani, sua nação por opção, especialmente quando confessa "temos que nos preparar para a guerra, para viver em paz", querendo assim eludir a sanção imposta ao Paraguai pelo MERCOSUL e a UNASUL depois do golpe paramentar, desenhada no norte e perfeitamente aplicada pelo congresso conservador o dia 22 de junho.

Assim tiram do poder a Fernando Lugo, eleito democraticamente com voto popular em 2008, com mas de 80% de aprovação que também acabou com a hegemonia do Partido colorado que estava a mas de 60 anos no poder.

 A América Latina nunca teve um momento tão especial quanto na atualidade, percebemos no dia a dia e nos campos  acadêmicos, na mídia alternativa, que está em curso a construção de uma identidade para a segunda e verdadeira independência, que é, na pratica a construção e fortalecimento de blocos políticos, econômicos e  culturais por parte dos governos latino-americanos.

Esta senhora de formação acadêmica Washingtoniana indigna em seu discurso (ou entrevista) dada ao jornal (ABC Color) conservador por cultura e conveniência aos interesses forâneos, quando comenta a geopolítica como o Friedrich Ratzel, quando na verdade não passa de ser um pequeno mascote querendo agradar o dono com falsos latidos e assim incomodar a vizinhança.

Essa vizinhança que atravessa por seu melhor momento, como de fato a América Latina vem traçando seu próprio caminho para assim decidir seu destino e se desligar  dos projetos forâneos que a única coisa que causam é instabilidade política, econômica e miséria.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Bruno Peron: Cinismo migratório no Brasil


O fluxo migratório de trabalhadores entre Brasil e exterior é bidirecional. Farei, contudo, alguns comentários sobre aquele que se tem estabelecido na direção de fora para dentro. O país continua enviando migrantes (sobretudo estudantes e trabalhadores) ao exterior, embora em números menores e a destinos mais variados. A diferença, porém, é que o país tem recebido muito mais estrangeiros em busca de trabalho nos últimos anos.

Por Bruno Peron*

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou em julho de 2012 a informação de que, no intervalo de um ano, houve aumento de 25% na migração de trabalhadores ao Brasil. Em 2010 e 2011, o número de estrangeiros que receberam permissão para trabalhar no Brasil foi de, respectivamente, 56 mil e 70 mil. Nos anos imediatamente anteriores a 2010, o número de autorizações para trabalhadores imigrantes era pouco maior de 40 mil.

Dados da OIT indicam que a maior parte dos imigrantes (89,6%) é do sexo masculino e escolhe alguma cidade da região Sudeste (88,2%), principalmente Rio de Janeiro e São Paulo. Não entram nestas estatísticas os estrangeiros que trabalham ilegalmente no Brasil. A maior parte dos ilegais são mal remunerados e enfrentam jornadas longas de trabalho, por exemplo bolivianos na indústria têxtil em São Paulo, paraguaias como empregadas domésticas no Paraná, e haitianos que cruzam a fronteira amazônica sem saber quanto ganharão, se é que conseguirão emprego. A última notícia que chega dos migrantes do Haiti é que uma centena deles está numa pequena cidade peruana fronteiriça em busca de recursos para a sobrevivência, o que o governo peruano declarou como questão de Estado entre Peru e Brasil.

A crise financeira dos países outrora chamados "desenvolvidos" (portanto não é uma crise mundial, mas de países hoje decadentes) expele vários trabalhadores à América Latina. A Espanha tem 24% de desemprego. A Grécia está à beira do colapso e ameaça desligar-se da União Europeia. O Reino Unido finge que está tudo bem, mas solicita a James Bond para que entrem muitas libras com as Olimpíadas para aliviar o sufoco de sua economia. Os Estados Unidos estimulam guerras (Egito, Líbia, Síria) para que sua economia bélica não estanque.

O Brasil, enquanto isso, abre portas aos trabalhadores estrangeiros que, durante muito tempo, estiveram fechadas aos brasileiros que chegaram a seus países. Exigiram-nos vistos (taxas, filas nos consulados e entrevistas), impuseram-nos humilhações nas fronteiras (as maiores queixas vieram da Espanha), pagaram-nos os piores salários aproveitando-se da falta de documentos que autorizem o trabalho, não reconheceram nossos estudos (no Canadá, muitos doutores brasileiros só tiveram reconhecimento de seu nível de graduado ou mestre). E agora se dizem interessados no "crescimento" brasileiro. Um cinismo.

O processo migratório atual é bidirecional e contraditório. Os estrangeiros têm-nos procurado. Empregam-se por aqui porque por lá falta trabalho. Concomitantemente, há uma curiosidade crescente deles por nossa economia, gastronomia, música, etc., que até pouco tempo eram para eles atividades exóticas de um turismo de aventura, já que a "América" se resumiu – e ainda se resume – ao território dos Estados Unidos.

O governo brasileiro tem tomado uma atitude distinta da dos governos dos recém-chegados. É bem menos rígido. Dá-lhes a chance calorosa de entrar pela porta da frente e desfrutar dos mesmos direitos de um cidadão brasileiro. O Ministério do Trabalho aumenta os vistos de trabalho para que mais estrangeiros participem do "boom" brasileiro.

A genuinidade ou não do "boom" é tema para outro texto. Por ora, os dados da OIT de julho de 2012 nos informam sobre novas tendências no fluxo migratório. Uma de suas características é a resistência da nossa economia ao vento da crise apesar da oscilação da cotação do real frente a outras moedas e de suspeitas políticas de incentivo ao consumo (que enriquece empresas automobilísticas, mas endivida a iludida "classe média" brasileira).

Não só o fluxo migratório tem sido maior na direção do Brasil, mas também aumenta o interesse de estrangeiros no potencial de nossas classes consumidoras. Uma das consequências deste reflexo do "boom" é o aumento de investimentos em negócios que atuam dentro do país, mas que inibem o desenvolvimento de empreendimentos nacionais. Um país rico em cacau consome chocolates da Nestlé, uma empresa de capital suíço.

Em parte, o fluxo de imigração convida a interpretações capciosas porque muitos desses trabalhadores estrangeiros chegam para ocupar postos elevados em empresas transnacionais. Algumas delas têm sede no país do imigrante, como é o caso dos cargos mais altos da Hyundai, automobilística que se instalou recentemente no estado de São Paulo. É muito difícil que um brasileiro ocupe o lugar de um sul-coreano na direção da empresa.

Estrangeiros continuam sendo bem-vindos, mas as políticas públicas primeiramente devem assegurar bons níveis de educação e emprego aos brasileiros. Do contrário, o sonho de muitos de nós seguirá limitado a trabalhar numa montadora estrangeira (até que faça demissão em massa) ou aprender inglês como exigência para atender brasileiros no supermercado.

*Bacharel em Relações Internacionais (Unesp) e mestre em Estudos Latino-americanos (Unam-México). Colaborador do Portal Vermelho.

Ali Mohaghegh: O futuro do Oriente Médio




Com o início do movimento despertar islâmico na região do Oriente Médio, os Estados Unidos da América e os seus aliados na região, temendo as ondas crescentes de sentimentos antiamericanos e antissionistas, tentaram insinuar ao mundo uma interpretação falsa deste movimento.

Por Ali Mohaghegh, em Folha de S.Paulo



Não dá para esconder, porém, que os governos derrubados na região eram amigos dos Estados Unidos da América e do regime sionista.

O ataque à embaixada do regime sionista no Cairo nos primeiros momentos de protesto era um sinal do movimento popular. Era um sinal da desesperança com os EUA e com o regime sionista, que não queriam ser odiados pelos povos da região.

Sem dúvida, não haverá nenhum lugar na região para os sionistas no futuro. E o regime, que certa época pretendia dominar o território entre os rios Nilo e Eufrates, agora deve se esconder atrás do muro de proteção.

O regime sionista de Israel tem a maior rede mundial de terrorismo do Estado e cometeu inúmeros crimes nos países da região, inclusive a matança do povo de Gaza, os assassinatos de forças de resistência nos diferentes países e assassinatos dos cientistas nucleares da República Islâmica do Irã. Esse regime agora está tentando desviar a opinião pública de perceber o seu verdadeiro caráter perigoso.

Hoje, com as evoluções nos países do Oriente Médio e da África, os povos perceberam que são inúteis e frustrantes as negociações com um regime que só conseguiu ficar em pé respaldado pelo Ocidente.

Hoje, os apoiadores do regime sionista devem suportar um peso bem maior do que no passado para apoiar Israel, pois os povos da região entraram no cenário político e projetaram o futuro da região.

Ao mesmo tempo, divergências internas apareceram, e esse regime sionista se deparou com a instabilidade interna.

O Ocidente é obrigado a revisar a sua política de apoio unilateral e injusta ao regime sionista. Eles estão bem conscientes de que os levantes populares no Oriente Médio e no norte de África começaram graças ao despertar islâmico e têm um caráter antissionista. Esta região jamais refletirá a dominação sionista no futuro.

Atualmente, os movimentos resistentes frente ao sionismo, graças ao movimento despertar islâmico, alcançaram superioridade estratégica em relação aos sionistas.

Hoje, com o afastamento dos governantes ditadores em alguns países da região que estavam compactuados com o regime sionista, os povos da região dizem gritando que a instalação do regime sionista não tem legitimidade no território palestino, mesmo que seja no tamanho de uma palma da mão. Estamos tratando de um regime que desconsiderou mais de cem resoluções e declarações da ONU.

Mesmo os países ocidentais não estão mais dispostos a assumir incondicionalmente o peso de seus apoios ao regime sionista. Especialmente os países europeus, que têm a paciência esgotada perante a atitude reivindicadora, extremista e irracional de Israel. Pouco a pouco, ouvimos as pessoas perguntando no Ocidente: "até quando nós devemos pagar o preço da desobediência de Israel?"

Agora, chegou uma oportunidade histórica: os soberanos no mundo devem aproveitar e colocar a história na sua direção certa, tirar o invasor da cena e devolver a pátria aos palestinos.

É importante que todos os palestinos unidos resistam frente ao inimigo. Somente com a união e coesão nacional e seguindo o islã o povo palestino poderá libertar os seus territórios invadidos e recuperar os seus direitos.

A Palestina é ocupada por estrangeiros. Será que a humanidade fará silêncio perante a ocupação do território de um povo por eles?

*Ali Mohaghegh é primeiro-secretário da Embaixada da República Islâmica do Irã no Brasil

Emir Sader: O asilo de Assange; sinais dos tempo




A crise diplomática gerada pela aceitação do asilo de Julian Assange pelo Equador reflete as novas condições do mundo contemporâneo. Em primeiro lugar, porque as mídias alternativas conseguiram grande vitória sobre o segredo diplomático das grandes potências, logrando colocar à disposição da opinião pública mundial mais de 5 mil documentos até ali considerados secretos.

Por Emir Sader*, em seu blog

Em segundo lugar, porque ao tentar fazer recair sobre o principal responsável por essa divulgação, Julian Assange, o peso da repressão e da censura, se viram às voltas com a solidariedade do governo do Equador, dos governos latino-americanos e de várias outras forças da própria Europa. Não puderam evitar, apesar das bravatas do governo britânico, o asilo de Assange na Embaixada do Equador e ainda tem que sofrer a campanha de protestos pela sua atitude e a favor do salvo-conduto que Assange necessita para seguir para o Equador.

Em terceiro lugar, um país progressista latinoamericano não apenas peitou o governo britânico, como aparece como território de abrigo de alguém que passou a representar a liberdade de expressão no mundo, enquanto que a Grã Bretanha aparece como seu perseguidor.

Em quarto lugar, a Grã Bretanha, com a atitude do seu governo, já é e continuará sendo objeto de campanhas no seu próprio país e em vários outros países do mundo, pela liberdade de Assange e contra a atitude do governo britânico.

Ao tomar a atitude que toma, o governo da Grã Bretanha faz uma aposta muito perigosa: a de ter que suportar, por tanto tempo quanto pretenda retardar o salvo-conduto para Assange, campanhas mundiais contra sua posição e a favor de Assange.

Se juridicamente o governo britânico pode retardar por um tempo indefinido a saída de Assange da embaixada equatoriano na direção do país que lhe concedeu asilo, a questão será decidida pelo grau de desgaste que a Grã Bretanha está disposta a sofrer por essas campanhas. Ela pode sustá-las concedendo de imediato o salvo-conduto a Assange ou ter que finalmente concedê-lo, quando esse desgaste já tenha se dado por um tempo mais ou menos longo.

Seja qual for o desfecho da situação, a Grã Bretanha – e, com ela, os EUA - saem perdedores, enquanto o Equador, a América Latina e Assange, sairão vencedores. Porque representam a liberdade de expressão, as formas alternativas de mídia, a ruptura de mecanismos de de diplomacia secreta.

Sinais de que os tempos mudaram no mundo. E, neste caso, para melhor.


* Emir Sader é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj)