sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Paraguai: esquerda se divide e dificulta vitória em 2013



A Frente Guasú, que reúne partidos progressistas e movimentos sociais paraguaios, em reunião realizada nesta quinta-feira (8), escolheu o candidato que disputará as eleições em abril de 2013. Aníbal Carrillo Iramain, do partido Tekojoja, terá o apoio do ex-presidente Fernando Lugo, que foi deposto após um golpe parlamentar em junho deste ano.

Por Vanessa Silva, para o Portal Vermelho




No evento de lançamento de sua candidatura, Aníbal afirmou que “com nosso companheiro Fernando [Lugo], demonstramos que na política é possível realizar o impossível. Fomos capazes de fazer o melhor governo da história política moderna do país. O governo de Lugo atendeu os esquecidos de sempre. Essa é a batalha que ganhamos em nosso país. Não podemos seguir dependendo de um futuro sem futuro das propostas dos partidos tradicionais”.

Nas redes sociais, a recepção à notícia não foi positiva. Na página do senador Carlos Filizzola no Facebook, foram diversas as mensagens lamentando a decisão e a divisão da esquerda paraguaia.

Em entrevista ao Portal Vermelho, o parlamentar do Mercosul e dirigente da Frente Guasú, Ricardo Canese, disse acreditar que, com a aprovação social que o governo de Fernando Lugo alcançou, a Frente Guasú vai vencer: “devido aos avanços sociais, com uma popularidade maior que 50%, a expectativa é que na medida em que seja feita uma campanha intensa, apostando nessa popularidade de Lugo, a Frente Guasú irá triunfar”.

Racha da esquerda

Com o racha entre Mário Ferreiro, que rompeu com a Frente Guasú e lançou candidatura própria pelo P-MAS (Partido do Movimento ao Socialismo) e a Frente Guasú, a esquerda e os movimentos progressistas paraguaios estão polarizados. 

Na avaliação de Canese, o que está acontecendo no Paraguai hoje é semelhante ao que ocorreu no Brasil quando “Marina Silva, que foi parte do governo de Lula, saiu como candidata à parte, e ainda assim teve uma boa votação, o que, no entanto, não impediu que Dilma Rousseff fosse eleita”. 

Na avaliação do dirigente, a tendência é que Ferreiro decline de sua candidatura por não ter chance de concorrer com Aníbal, apoiado por Lugo. Mas, avalia que “ainda que Ferreiro continue, esse não será um problema fundamental. A Frente Guasú tem chance de disputar, são oito partidos com impacto social”, avalia.

Reconhecido dirigente social

Aníbal, de 58 anos, é presidente do partido camponês Tekojoja; médico, atua há 40 anos em organizações políticas, lutou contra a ditadura paraguaia e, segundo Canese, “tem uma trajetória muito conhecida. Foi um dos porta-vozes da campanha de Lugo em 2008 e é uma das pessoas que mais defendem essa alternativa política. Durante todo o governo Lugo ocupou cargos de confiança. Esteve, inclusive, à frente da planificação da saúde”, que foi um dos maiores feitos do governo Lugo, que tornou a saúde universal e gratuita pela primeira vez no Paraguai. 

Governabilidade

Tal como especulado desde a época do golpe, Fernando Lugo irá encabeçar a lista de senadores, chamada de lista sábana. No Paraguai, a eleição para deputados e senadores é pelo sistema de lista fechada. Assim, quanto mais votos a chapa tiver, mais senadores a lista elege. Como a esquerda terá dois candidatos, serão também duas listas de senadores. Espera-se que não seja repetido o mesmo erro da campanha de 2008, quando concorreram 22 listas separadas e por fim, o governo ficou sem apoio, prejudicando a governabilidade. Por hora, compõem a lista de senadores da Frente Guasú: o ex-presidente Fernando Lugo; os senadores Sixto Pereira e Carlos Filizzola e a ex-ministra da Saúde, Esperanza Martínez. 

Críticas

“Com a esquerda dividida, não vamos chegar a lugar nenhum. A força política de Lugo ainda é uma incógnita, tem alguma, mas certamente parte desses votos irá para Mário [Ferreiro]. Carrillo não convence, não tem empatia com as pessoas. Mas Lugo tem o dinheiro que fará falta a Ferreiro. Nestas eleições será necessário muito dinheiro. Os Colorados, com Horácio Cartes, vão jogar dinheiro pela janela e os liberais também têm o seu”, afirmou o ex-diretor de Direitos Humanos do Ministério do Interior do governo Lugo e atual diretor geral da Verdade, Justiça e Reparação da Defensoria do Povo, em entrevista pelo Facebook.

O paraguaio residente no Brasil, estudante de Relações Internacionais, Léo Ramirez, teme que, “com isso se oficialize, em abril do ano que vem, o enterro político das forças progressistas paraguaias. Isso que acabam de fazer seria mais ou menos ‘uma soma igual a zero’. Quem realmente saiu ganhando nessas negociações foram os Colorados. A esquerda paraguaia mostrou estar em farrapos quando se trata de perspectivas políticas. Lamentável”, declarou.

A avaliação é a mesma do paraguaio residente no Brasil, presidente da Associação de Integração Paraguai-Brasil Japayke, Humberto Jara. Para ele, “é lamentável que a decisão da Frente Guasú não tenha conseguido o intento de unir a esquerda paraguaia, ainda mais numa situação de emergência como vive o nosso país”.

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Fonte: Portal Vermelho

Proposta de reconhecimento do Estado Palestino na ONU avança



A elevação do status da Palestina para Estado Observador das Nações Unidas aparece hoje com energia renovada, com a circulação de um projeto de resolução sobre o assunto entre os 193 países membros da organização mundial.



O texto foi distribuído com esse objetivo pela representação diplomática da Palestina perante a ONU, visando discutir na Assembleia Geral “numa data que será anunciada proximamente”.

O documento dá a Palestina o status de Estado Observador do sistema da ONU, sem prejuízo de direitos, privilégios e pelo papel adquirido pela Organização de Libertação da Palestina.

Além disso, reafirma que o direito do povo palestino à autodeterminação e à independência em “seu Estado da Palestina sobre as bases das fronteiras anteriores a 1967”. Confirma que 132 países da ONU já reconheceram esse direito junto à entidade.

A proposta convoca o Conselho de Segurança a aceitar o pedido de admissão do Estado da Palestina como membro pleno das Nações Unidas, apresentada em setembro do ano passado pelo seu presidente, Mahmoud Abbas.

Aquela manifestação, feita a apesar das ameaças dos Estados Unidos de aplicar seu poder de veto, congelou após o comitê de admissão desse órgão não ter conseguido um consenso para emitir uma recomendação unânime sobre o assunto.

No entanto, quase ao mesmo tempo, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), aceitou a Palestina como membro pleno por 107 votos a favor, 14 contra (entre eles Estados Unidos e Israel) e 52 abstenções.

A Palestina também integra a Comissão Econômica e Social da Ásia Ocidental, o grupo dos Estados Asiáticos, a Liga Árabe, o Movimento de Países Não Alinhados, a Organização de Cooperação Islâmica e o Grupo dos 77, mais a China.

O projeto que circula entre as representações diplomáticas ratifica a determinação da Assembleia Geral de construir uma solução pacífica no Oriente Médio para acabar com a ocupação dos territórios palestinos por Israel, que começou em 1967.

O documento também pede a implementação da solução de um Estado Palestino independente, soberano, democrático, contíguo e viável, vivendo em paz e segurança ao lado de Israel e outros vizinhos, com base em fronteiras pré-1967.

Também é destacada a necessidade de retomar as negociações e acelerar o processo de paz no Oriente Médio dirigidas a uma solução justa, duradoura e ampla entre palestinos e israelenses.

Este arranjo deve atingir também as questões relacionadas com os refugiados, os assentamentos israelenses nos territórios ocupados, a questão de Jerusalém, as fronteiras, a segurança, a água e os prisioneiros, de acordo com o texto proposto.

Finalmente, o texto instrui o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a informar à Assembleia Geral um relatório sobre a implementação da resolução dentro de três meses.

As Nações Unidas comemorarão neste 29 de novembro, o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, data provável para a votação do projeto para melhorar a qualidade de membro palestino na organização mundial.


Fonte: Prensa Latina

Tradução Leo Ramirez